Campanha vai mostrar prejuízos econômicos e sociais com a venda de ativos da Petrobrás pelo país

Com participação da FUP e seus sindicatos, campanha “Petrobrás Fica” foi lançada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás para mostrar a variados segmentos econômicos e à população os prejuízos que a privatização de ativos da Petrobrás traz ao país e às economias estaduais e municipais

Rio de Janeiro, 7 de agosto de 2020 – Parlamentares, juristas e representantes dos petroleiros e de movimentos sociais e políticos participaram na manhã da sexta-feira (7/8) de reunião virtual para o lançamento oficial da campanha #PetrobrasFica. Liderada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás, a campanha tem participação direta da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos e vai promover ações nacionais e locais para mostrar dados e informações que comprovam os prejuízos econômicos e sociais que a venda de ativos da Petrobrás, em especial das refinarias da empresa, vão causar a variados segmentos econômicos e sociais, bem como à população.

Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, o senador Jean Paul Prates (PT/RN) reforçou que o objetivo da #PetrobrasFica é mobilizar atores nos mais variados segmentos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e esportivos, para mostrar que a privatização “aos pedaços” que está sendo promovida pela atual gestão da companhia trará impactos negativos não apenas a trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás, mas à sociedade brasileira como um todo.

“Não se trata de ser liberal ou progressista. Muitas pessoas que defendem o liberalismo econômico estão preocupadas com a forma como a Petrobrás está vendendo seus ativos. Por isso a campanha pretende mobilizar todos os atores, sejam eles nacionais, regionais ou locais, empresários, governadores, prefeitos, o pessoal da cultura, dos esportes, do meio ambiente. Vamos levar informações a todos esses públicos que mostram que essa privatização prejudica toda a sociedade brasileira”, disse Prates.

Alguns desse dados foram apresentados na reunião virtual por Eduardo Costa Pinto, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP). Entre eles está o estudo promovido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) que mostrou o grande risco de formação de monopólios privados com a venda de oito refinarias da Petrobrás. O especialista ainda reforçou a preocupação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) com a possibilidade de desabastecimento de combustíveis, principalmente gás de cozinha, caso as refinarias sejam vendidas. E por uma razão simples: não há regulação no país para esse novo cenário.

“Desde 2016, a Petrobrás adotou uma política de paridade de preços dos combustíveis com o mercado internacional enquanto reduziu drasticamente o nível de utilização da capacidade total de suas refinarias, para abrir mercado para a importação de combustíveis. A Petrobrás não está vendendo refinarias, está vendendo mercados regionais. A logística do país não permite a competição entre esses mercados. O argumento de que a venda das refinarias vai diminuir os preços dos combustíveis e aumentar a competição não é verdadeiro. E nem a ideia de que isso vai atrair mais investimentos em logística e infraestrutura no país, porque o modelo brasileiro não é igual ao norte-americano, que eles usam como referência”, explicou Pinto.

Diretor da FUP, Mário Dal Zot reforçou que é preciso lembrar o papel da Petrobrás para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do país. Mesmo reconhecendo que os estados onde a gestão da petroleira está vendendo seus ativos serão os que mais irão sofrer impactos econômicos e sociais com a privatização, ele chamou a atenção para o fato de que a Petrobrás opera em todo o Brasil e que, portanto, os prejuízos vão atingir todas as regiões.

“A Petrobrás diminuiu muito seu investimento em tecnologia nos últimos anos, e isso afeta o futuro de todo o país. A empresa está vendendo sua unidade de xisto, a SIX, a única do mundo que explora o xisto de maneira ambientalmente correta, diferente do shale gas. Além disso, a Petrobrás, como uma empresa pública, com função social e integrada, abastece todo o país. Ela tem de garantir oferta de gasolina, gás de cozinha e diesel a preço justo em todo o Brasil. E mesmo no aspecto econômico, ela está jogando fora seu futuro enquanto empresa, ao se concentrar somente no Rio e em São Paulo, ao investir somente em E&P e sair das fontes renováveis, dos biocombustíveis e dos fertilizantes, o que afeta também o agronegócio, um importante segmento econômico do país”, alertou ele.

O coordenador geral do Sindipetro-Norte Fluminense, Tezeu Bezerra, apresentou dados mostrando a drástica redução de pessoal promovida pela Petrobrás entre 2014 e 2020. Embora tenha sido mais acentuada no Nordeste, a queda, mostrou ele, ocorreu em todas as regiões do país. Fruto da redução dos investimentos da empresa em variados segmentos, incluindo exploração e produção de petróleo e gás natural.

Elizabete Sacramento, do Sindipetro-Bahia, lembrou a vigília itinerante que o sindicato está promovendo no estado – um dos mais afetados pela venda de ativos da Petrobrás – nas cidades onde a companhia mantém instalações, e que irá se estender nas próximas semanas, sempre respeitando as regras de isolamento social. E frisou a importância de diálogo com a população e as lideranças políticas municipais, que já estão percebendo o impacto da privatização da empresa.